Saúde um Direito de Todos

A saúde "é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante a políticas saciais e econômica que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário à ações e serviços para sua promoção, proteção e recumperação." conforme esta garantido e definido no Cap. II Dos Direitos Sociais, Art. 6º e Cap. II Da Seguridade Social, Seção II Da Saúde, Art. 196 da Constituição da República Federativa do Brasil.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Células-troncos podem ser utilizadas no tratamento de doenças crônica

Com o avanço de novas tecnologias e descobertas cada vez mais inovadoras pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) apresentaram durante a 24ª Reunião Anual da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), realizada em Águas de Lindoia (SP) no mês passado, portadores de insuficiência renal poderão, no futuro próximo, contar com alternativas mais simples e eficazes no combate à doença o estudo esta sendo coordenado pela nefrologista Lúcia Andrade. Segundo ela - "o que fizemos até o momento é tudo experimental, em modelo de doença renal crônica em ratos. Agora, estamos propondo começar a fazer estudos terapêuticos com cães”, disse Lúcia à Agência FAPESP. O estudo tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.

Hoje os portadores de doenças renais cronica aindam infrentam grandes filas para conquistar um trasplante ou realizar uma hemodialis e muintos acabam morrendo na espera de um doador ou na demora do atendimento. Esperamos que essa descoberta ajudem essa pessoas e que ela possa ser distribuida para todos o quanto antes.
 
Fonte: http://www.sbbiotec.org.br





sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Bactérias no intestino podem causar à obesidade e diabetes

Pesquisadores da Unicamp realizaram uma pesquisa com bactérias presentes no intestino humano e sua relação com a obesidade e diabetes. Em 2006, um estudo publicado na revista Nature mostrou que obesos e magros tinham um tipo diferente de flora intestinal. Há três anos, o grupo brasileiro começou a investigar o mecanismo pelo qual uma mudança na flora intestinal poderia ter influência na obesidade e na resistência à insulina.

Dois dos candidatos para mediar os efeitos da flora intestinal no metabolismo são os receptores TLR2 e TLR4, proteínas codificadas por um gene da família chamada de tipo Toll (receptores similares ao Toll), um trabalho premiado com o prêmio Nobel de Medicina deste ano.
O TLR2, uma proteína receptora presente na membrana de determinadas células, desempenha um papel no sistema imunológico. Ele reconhece antígenos e transmite "sinais" para as células do sistema imunológico.
O TLR4 também é um receptor do sistema imunológico. Ele detecta principalmente lipopolissacarídeos (LPS), componentes presentes na parede celular das bactérias gram-negativas existentes no intestino.
"O animal obeso tem o receptor TLR4 ativado. A primeira coisa que encontramos nesse animal foi um LPS elevado. O LPS elevado aumenta absorção de energia que se acumula em forma de gordura. Fomos então procurar de onde vinha esse LPS elevado e os candidatos diretos foram as bactérias do trato gastrointestinal", explica o orientador das pesquisas, Dr. Mario José Abdalla Saad.

Os vários estudos que levaram a esta conclusão, todos publicados em revistas internacionais, tornaram cada vez mais evidente que a resistência à insulina, induzida pela obesidade, está associada com uma inflamação crônica do tecido adiposo, músculos esqueléticos e órgãos internos como o fígado.
Os estudos mais recentes do grupo mostram que uma mutação no receptor TLR4 tem um papel central na ligação entre a resistência à insulina, inflamação e obesidade.
As concentrações de LPS aumentam significativamente após a ingestão de refeições de alto teor de gordura e carboidratos. A ingestão de gordura leva ao aumento da permeabilidade intestinal, porque o LPS é solúvel em gordura. Segundo o pesquisador Alexandre Gabarra Oliveira, enquanto o índice de LPS circulante no obeso equivale a 0,5 EU/ml, no magro, esse valor é de 0,05 EU/ml

Existem aproximadamente 100 trilhões de bactérias no intestino, representando de 400 a 1.000 espécies.
O conjunto de bactérias que habitam o trato gastrointestinal é chamado de microbiota.
Essas bactérias possuem a capacidade de extrair mais ou menos energia dos alimentos. Elas possuem enzimas capazes de digerir carboidratos complexos - polissacarídeos - transformando-os em carboidratos mais simples que são absorvidos e utilizados ou armazenados pelo organismo.
A partir da hipótese que a flora intestinal do obeso e do magro é diferente, tanto em humanos como em roedores, o biomédico Bruno de Melo Carvalho buscou uma forma para modular a flora intestinal e comprovar a relação desta com a resistência à insulina e com a obesidade. A estratégia foi usar antibióticos.
O grupo de animais sem os antibióticos adquiriu todos os componentes de resistência à insulina induzidos por obesidade - inflamação, intolerância à glicose e perda de sensibilidade à insulina.
"O animal tratado com antibiótico teve todos os componentes fisiológicos melhorados em relação ao animal que apenas recebeu dieta rica em gordura. Tanto no fígado, músculo e tecido adiposo, a ativação de todas as proteínas das vias de sinalização da insulina foi melhorada em relação aos animais que não foram tratados", disse Bruno.
Com o tratamento com antibióticos, o pesquisador conseguiu reduzir o número de bactérias no intestino e essa queda proporcionou uma redução dos níveis de LPS circulante, o que resultou na ativação menor do TLR4 e redução na inflamação desse animal, ocasionando melhora na sensibilidade à insulina.


A pesquisa da bióloga Andrea Mora Caricilli foi a peça que faltava para entender a relação entre a flora intestinal e a obesidade. Ela utilizou um grupo de camundongos modificados geneticamente para a não expressão do receptor TLR2, chamados nocaute. Estudos publicados anteriormente por outros pesquisadores apontam que a ausência do TLR2 leva a um aumento da sensibilidade à insulina.

Entretanto, ao contrário do que mostram esses estudos, não foi isto que ela encontrou.
"Percebemos que o camundongo nocaute tinha um aumento da concentração de lipopolissacarídeo em comparação aos animais controle. Esse aumento nos levou a investigar qual era a composição da flora intestinal. Observamos que a flora intestinal desses animais tinha uma maior proporção de Firmicutes, como se observa nos obesos", explicou Andrea.
De acordo com a pesquisa, as mudanças na microbiota intestinal foram acompanhadas por um aumento na absorção de LPS, inflamação subclínica, resistência à insulina, intolerância à glicose e, mais tarde, obesidade.
Para comprovar essa teoria, Andrea tratou os camundongos nocaute para o TLR2 com antibióticos de largo espectro, o que dizimou a microbiota intestinal e resgatou o fenótipo metabólico do animal, assemelhando-se ao que se observa nos camundongos controle.
Em seguida, transplantou a microbiota dos camundongos nocaute para o TLR2 para camundongos controles com uma microbiota bastante simplifica e passou a alimentá-los com ração padrão. Os animais começaram a desenvolver obesidade e resistência à insulina.

Fonte: http://www.diariodasaude.com.br

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Síndrome Serotoninérgica

Introdução:

A síndrome serotoninérgica é uma reação adversa, potencialmente fatal, causada pela administração de medicamentos pro-serotoninérgicos. Em geral, os casos mais severos são causados pela combinação de dois ou mais fármacos. O aumento na incidência da síndrome serotoninérgica é reflexo do crescente número de agentes pró-serotoninérgicos utilizados na prática clínica. A síndrome serotoninérgica apresenta-se como uma tríade de sintomas: mudança do status mental, anormalidades neuromusculares e hiperatividade autonômica. Como não existem testes laboratoriais que diagnostiquem a síndrome, os sinais e sintomas são a principal fonte de diagnóstico. O tratamento da síndrome serotoninérgica consiste, principalmente, da retirada do medicamento suspeito de ter desencadeado a síndrome, fornecimento de cuidados de suporte, controle da agitação, administração de antagonistas serotoninérgicos, controle da instabilidade autonômica, controle da hipertermia. A prevenção da síndrome serotoninérgica ocorre, principalmente, evitando-se a combinação de dois medicamentos pró-serotoninérgicos e monitorizando-se o surgimento dos primeiros sintomas.

 Serotonina (5-hidroxitriptamina)
A serotonina, também conhecida como 5-hidroxitriptamina (5-HT), é uma amina biologicamente ativa encontrada em vários tecidos. Age por meio de diversos receptores e possui complexos efeitos fisiológicos e patológicos. A serotonina é produzida nos neurônios pré-sinápticos pela descarboxilação e hidroxilação do aminoácido L-triptofano. A serotonina liga-se a vários receptores e, por meio dessa ligação, vai agir sobre o trato gastrointestinal, plaquetas, sistema cardiovascular, músculos esqueléticos, sistema nervoso central e comportamento.

 Definição da Síndrome Serotoninérgica
A Síndrome Serotoninérgica (SS) é definida como o conjunto de sintomas observados com a administração de dois ou mais medicamentos que aumentam a concentração de serotonina. Vários fármacos aumentam a concentração da serotonina.

Fármacos que aumentam a serotonina.

  • Mecanismo Fármaco
  • Precursor do metabólito da serotonina L-triptofano
  • Inibidor do metabolismo da serotonina
  • IMAOs
  • Anfetamina
  • Lítio
  • Aumenta a liberação de serotonina
  • MDMA (Ecstasy)
  • Cocaína
  • Dextrometorfan
  • ISRSs
  • Antidepressivos tricíclicos
  • Trazodona
  • Inibição da recaptação da serotonina
  • Venlafaxina
  • Agosnista do receptor Buspirona da serotonina Ácido lisérgico dietilamino (LSD)
  • Agonistas da dopamina L-dopa
Geralmente uma tríade de  sintomas é observada como mudança do status mental, anormalidades neuromusculares e hiperatividade autonômica. Mas nem todos esses achados estão presentes em todos os
pacientes. Outros sintomas também presentes são: tremor, diarréia, delírio, rigidez neuromuscular e  hipertermia.

 Efeitos Clínicos
Os sinais e sintomas associados a SS são: confusão, desorientação, agitação, irritabilidade, coma, ansiedade, hipomania, letargia, convulsões, insônia, alucinações, tontura, mioclonus, hiperreflexia, rigidez muscular, tremor, ataxia, descoordenação, arrepio, nistagmo, sinal de Babinski (bilateral), hipertermia, diaforese, taquicardia sinusal, hipertensão, taquipnéia, dilatação de pupilas, pupilas não reativas, rubor facial, hipotensão, diarréia, câimbra abdominal, salivação.

Diagnóstico
Não existem testes laboratoriais que confirmem a SS. O aparecimento dos efeitos clínicos é rápido e ocorre
dentro de minutos a algumas horas. Espasmos induzidos, espontâneos e oculares são os mais importantes
achados para estabelecer o diagnóstico da SS. Síndrome maligna neuroléptica, “toxidrome” anticolinérgica e
hipertermia maligna possuem algumas características similares à síndrome serotoninérgica.

 Tratamento
O tratamento da SS consiste em:

  • Retirada do medicamento suspeito de ter desencadeado a SS;
  • Fornecimento de cuidado de suporte:
  1. Administração de fluidos intravenosos
  2. Correção dos sinais vitais
  • Controle de agitação com benzodiazepínicos;
  •  Administração de antagonista serotoninérgico;
  • Controle da instabilidade autonômica;
  • Controle da hipertermia.
Muitos casos são solucionados entre as 24 horas após o início da terapia e a descontinuação do medicamento serotoninérgico, mas os sintomas podem persistir caso os pacientes tenham tomado
medicamentos com meia-vida de eliminação longa, metabólitos ativos ou prolongada duração de ação.
A intensidade da terapia vai depender da severidade da doença.

 Prevenção
A SS pode ser prevenida combinando-se investigação farmacogenética, educação dos profissionais de saúde, modificação nas práticas de prescrição e o uso de tecnologias avançadas. A aplicação de princípios
farmacogenéticos pode proteger pacientes dos riscos da SS antes da administração de agentes
serotoninérgicos. A prevenção do regime multidroga é crítica para a prevenção da SS. Caso haja a necessidade de empregar esse regime, deve-se fazer um monitoramento para detectar as interações e assim facilitar o tratamento.

Fonte: http://www.unieuro.edu.br 
Viviane Sayuri Mogrão Suzuki, Tainá Mendes Nunes, Rafael Cardinali
Rodrigues, Karime Bicas Rocha

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Meningite



Sintomas

a) Meningites virais

Nas meningites virais, o quadro é mais leve. Os sintomas se assemelham aos das gripes e resfriados. A doença acomete principalmente as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, inapetência e ficam irritadas. Uma vez que os exames tenham comprovado tratar-se de meningite viral, a conduta é esperar que o caso se resolva sozinho, como acontece com as outras viroses.

b) Meningites bacterianas

As meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente. Os principais agentes causadores da doença são as bactérias meningococos, pneumococos e hemófilos, transmitidas pelas vias respiratórias ou associadas a quadros infecciosos de ouvido, por exemplo.
Em pouco tempo, os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de septicemia aumenta muito. Nos bebês, a moleira fica elevada.

Importante: os sintomas característicos dos quadros de meningite viral ou bacteriana nunca devem ser desconsiderados, especialmente em duas faixas etárias extremas: nos primeiros anos de vida e quando as pessoas começam a envelhecer. Na presença de sinais que possam sugerir a doença, a pessoa deve ser encaminhada para atendimento médico de urgência.

Diagnóstico

Todos os tipos de meningite são de comunicação compulsória para as autoridades sanitárias. O diagnóstico baseia-se na avaliação clínica do paciente e no exame do líquor, líquido que envolve o sistema nervoso, para identificar o tipo do agente infeccioso envolvido.
Se houver suspeita de meningite bacteriana, é fundamental introduzir os medicamentos adequados, antes mesmo de saírem os resultados do exame laboratorial. O risco de sequelas graves cresce à medida que se retarda o diagnóstico e o início do tratamento. As lesões neurológicas que a doença provoca nesses casos podem ser irreversíveis.

Prevenção e vacinas

A vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B também protege contra a meningite e faz parte do calendário oficial de vacinação.
A vacina contra a meningite por pneumococo, embora tenha sido lançada na Europa e nos Estados Unidos, onde as características da bactéria são um pouco diferentes, fornece boa proteção também no nosso País.
A partir de 2011, a vacina conjugada contra meningite por meningococo C  faz parte do Calendário Básico de Imunização.  O esquema de vacinação obedece aos seguintes critérios: uma dose deve ser aplicada aos três meses; outra, aos cinco meses e a dose de reforço, aos doze meses.

Tratamento

O tratamento das meningites bacterianas tem de ser introduzido sem perda de tempo, porque a doença pode ser letal ou deixar sequelas, como surdez, dificuldade de aprendizagem, comprometimento cerebral. Ele é feito com antibióticos aplicados na veia.
Assim como para as outras enfermidades causadas por vírus, não existe tratamento específico para as meningites virais. Os medicamentos antitérmicos e analgésicos são úteis para aliviar os sintomas.
Meningites causadas por fungos ou pelo bacilo da tuberculose exigem tratamento prolongado à base de antibióticos e quimioterápicos por via oral ou endovenosa.

Recomendações

* Cuidados com a higiene são fundamentais na prevenção das meningites. Lave as mãos com frequência, especialmente antes das refeições;

* Alguns sintomas da meningite podem ser confundidos com os de outras infecções por vírus e bactérias. Não fique na dúvida: criança chorosa, inapetente e prostrada, que se queixa de dor de cabeça, precisa ser levada, o mais depressa possível, para avaliação médica de urgência.
 
Fonte: http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/meningite/

sábado, 26 de novembro de 2011

Sindromes de Eisenmenger

A Síndrome de Eisenmenger é uma doença complexa onde se tem uma elevação da pressão pulmonar a níveis sistêmicos, causada pelo aumento da resistência vascular pulmonar (>800 dinas s/cm5), com shunt reverso (direita-esquerda) ou bidirecional, através de um grande defeito congênito, intra ou extracardíaco, não reparado e que exige tratamento multidisciplinar. A história desta doença teve início em 1897, com a publicação de um médico austríaco sobre seu paciente que morreu com maciça hemoptise. Atualmente, o nome Eisenmenger traz, a diversos médicos, conceitos diferentes, todos, entretanto, relacionados à hipertensão pulmonar.

Fisiologia e patologia

Na síndrome de Eisenmenger, ocorre uma elevação absoluta da resistência vascular pulmonar acima de 12 unidades Wood ou relação resistência pulmonar-resistência sistêmica > 1,0 e pressão na artéria pulmonar maior que a pressão sistêmica ou igual a ela.
Ocorre espessamento da íntima e fibrose dos vasos pulmonares. Com o aumento da resistência, progride para dilatação do átrio direito, do ventrículo direito e da artéria pulmonar.

Características clínicas

Os sintomas da cardiopatia-base que determinavam sinais de insuficiência cardíaca congestiva passam a melhorar, inicialmente por diminuição do shunt esquerda-direita ao se instalarem níveis de pressão pulmonar que superem a pressão sistêmica. Os sintomas subseqüentes à hipertensão pulmonar instalada são:

a) policitemia;
b) cianose;
c) dispnéia;
d) hemoptise;
e) síncope ao esforço.

A ausculta cardíaca na síndrome de Eisenmenger se caracteriza por:

a) P 2 hiperfonética;
b) B 4 de ventrículo direito;
c) clique de ejeção pulmonar;
d) sopro sistólico pulmonar;
e) sopro diastólico pulmonar;
f) sopro holossistólico em região paraesternal esquerda inferior;
g) regurgitação tricúspide.

História natural e complicações

Os pacientes com a síndrome de Eisenmenger vêm a falecer em torno da segunda ou terceira década de vida. Suas complicações mais freqüentes são:

a) insuficiência cardíaca direita;
b) hipoxemia/policitemia;
c) hemoptise/hemorragia pulmonar;
d) acidente vascular cerebral;
e) abscesso cerebral;
f) endocardite;
g) arritmia;
h) morte súbita.


Tratamento

Clínico

A base do tratamento clínico está no manejo da insuficiência cardíaca direita e no controle da arritmia para promover melhor conforto para o paciente e retardar a deterioração clínica prematura.
A trombose e o embolismo pulmonar podem contribuir para a progressão da obstrução vascular pulmonar. Entretanto, benefícios definidos da anticoagulação crônica não têm sido demonstrados em decorrência de sangramento que é comum em pacientes com eritrocitose severa.
A sangria está indicada na policitemia para manter o hematócrito em torno de 60-65%. Valores abaixo de 60% e acima de 70% resultam em diminuição da liberação do oxigênio.
Atenção deve ser dada à quimioprofilaxia da endocardite infecciosa.

Cirúrgico

Pacientes com transposição dos grandes vasos e comunicação interventricular que se apresentam severamente limitados pela hipóxia podem beneficiar-se com a cirurgia de Mustard paliativa, na qual se faz o redirecionamento em nível atrial do sangue venoso sistêmico e pulmonar para a circulação pulmonar e aorta, respectivamente, reduzindo a hipoxemia. A comunicação interventricular permanece patente, permitindo shunt residual, fornecendo circulação pulmonar e prevenindo a insuficiência cardíaca direita.
Programas de transplante coração-pulmão vêm sendo desenvolvidos em centros de referência para a síndrome de Eisenmenger.


Fonte:
Bibliomed: Soraya Kalil

quarta-feira, 9 de novembro de 2011






Conceito 
O câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças, com comportamentos distintos. A heterogeneidade deste câncer pode ser observada pelas variadas manifestações clínicas e morfológicas, diferentes assinaturas genéticas e consequentes diferenças nas respostas terapêuticas.

O espectro de anormalidades proliferativas nos lóbulos e ductos da mama inclui hiperplasia, hiperplasia atípica, carcinoma in situ e carcinoma invasivo. Dentre esses últimos, o carcinoma ductal infiltrante é o tipo histológico mais comum e compreende entre 80 e 90% do total de casos.

O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos. Outros sinais de câncer de mama são edema cutâneo semelhante à casca de laranja; retração cutânea; dor, inversão do mamilo, hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo; e secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea. A secreção associada ao câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de glóbulos vermelhos. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila.

Na medida em que as ações de rastreamento do câncer de mama forem expandidas na população-alvo, espera-se que a apresentação da doença seja cada vez mais por imagem e menos por sintoma, ampliando-se as possibilidades de intervenção conservadora e prognóstico favorável. Destaca-se, no entanto, que mesmo nos países com rastreamento bem organizado e boa cobertura, aproximadamente metade dos casos são detectados em fase sintomática, o que aponta a necessidade de valorização do diagnóstico precoce.

Magnitude 
O câncer de mama é o mais incidente em mulheres, representando 23% do total de casos de câncer no mundo em 2008, com aproximadamente 1,4 milhão de casos novos naquele ano. É a quinta causa de morte por câncer em geral (458.000 óbitos) e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.

No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama também é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a primeira posição. Para o ano de 2011 foram estimados 49.240 casos novos, que representam uma taxa de incidência de 49 casos por 100.000 mulheres.

A taxa de mortalidade por câncer de mama ajustada pela população mundial apresenta uma curva ascendente e representa a primeira causa de morte por câncer na população feminina brasileira, com 11,1 óbitos/100.000 mulheres em 2007. As regiões Sudeste e Sul são as que apresentam as maiores taxas, com 12,6 e 12,5 óbitos/100.000 mulheres em 2007, respectivamente.

Como mostra a tabela a seguir, o Brasil apresenta valores intermediários no padrão de incidência e mortalidade por câncer de mama. Cabe destacar que, proporcionalmente, as diferenças entre as taxas de incidência e mortalidade nos países desenvolvidos são maiores, sugerindo maior alcance das ações de rastreamento em diagnosticar precocemente a doença e acesso aos avanços no tratamento.

Taxas de incidência e mortalidade por câncer de mama, por 100.000 mulheres, em países selecionados, 2008.

Região\País
Incidência
Mortalidade
Taxa Bruta
Taxa Padronizada
Taxa Bruta
Taxa Padronizada
Finlândia
151,1
86,6
31,3
14,7
Reino Unido
146,2
87,9
38,3
18,6
Espanha
97,6
61,0
26,6
12,8
Estados Unidos
115,5
76,0
25,6
14,7
Canadá
136,9
83,2
30,2
15,6
Austrália
126,5
84,8
25,6
14,7
Japão
70,3
42,7
18,1
9,2
Paraguai
39,6
51,4
13,2
17,1
Bolívia
18,4
24,0
5,8
7,6
Zâmbia
11,2
20,5
6,3
12,2
Brasil *
43,7
42,3
12,9
12,3
Brasil (dados oficiais) **
49,3
-
11,6
11,1
Fonte: GloboCan. IARC (WHO), 2008.

* Os dados do Globocan são diferentes dos dados das fontes nacionais por diferenças metodológicas no cálculo das taxas.

** Referem-se à estimativa de incidência para 2010/2011 (INCA, 2009) e à taxa de mortalidade do ano de 2007 (Sistema de Informação sobre Mortalidade/Ministério da Saúde).


Na mortalidade proporcional por câncer em mulheres, em 2007, os óbitos por câncer de mama ocupam o primeiro lugar no país, com 15,2%. Esse padrão é semelhante para as regiões brasileiras, com exceção da região Norte, onde os óbitos por câncer de mama ocupam o segundo lugar, com 10,8%. Os maiores percentuais na mortalidade proporcional por câncer de mama são os do Sudeste (16,6%) e Sul (14,7%), seguidos pelos do Nordeste (13,6%) e Centro-Oeste (13,3%).

O câncer de mama é raro antes dos 40 anos e a partir dessa idade a incidência tende a crescer progressivamente, com exceção de países da Ásia. A mortalidade também aumenta progressivamente com a idade, conforme dados para o Brasil apresentados a seguir.

Taxas de mortalidade por câncer de mama, específicas por faixas etárias, por 100.000 mulheres. Brasil, 1995 - 2007

 
 

Fatores de Risco
 
Os principais fatores de risco para o câncer de mama estão ligados a idade, aspectos endócrinos e genéticos.

Os aspectos endócrinos estão relacionados principalmente ao estímulo estrogênico, seja endógeno ou exógeno, com aumento do risco quanto maior for o tempo de exposição. Possuem risco aumentado as mulheres com história de menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos), menopausa tardia (após os 50 anos), primeira gravidez após os 30 anos, nuliparidade e terapia de reposição hormonal pós-menopausa, principalmente se prolongada por mais de cinco anos.

Outros fatores incluem a exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 40 anos, a ingestão regular de bebida alcoólica, mesmo que em quantidade moderada (30g/dia), obesidade, principalmente quando o aumento de peso se dá após a menopausa, e sedentarismo.  A prática de atividade física e o aleitamento materno exclusivo são considerados fatores protetores.

História familiar, principalmente em parentes de primeiro grau antes dos 50 anos, são importantes fatores de risco para o câncer de mama e podem indicar predisposição genética associada à presença de mutações em determinados genes. Entretanto, o câncer de mama de caráter hereditário (predisposição genética) corresponde a cerca de 5-10% do total de casos.

Prevenção

A prevenção primária do câncer de mama está relacionada ao controle dos fatores de risco reconhecidos. Os fatores hereditários e os associados ao ciclo reprodutivo da mulher não são, em princípio, passíveis de mudança, porém fatores relacionados ao estilo de vida, como obesidade pós-menopausa, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e terapia de reposição hormonal, são modificáveis. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama.
   
Evidências científicas sobre a relação entre alimentos, nutrição, atividade física e prevenção de câncer  podem ser consultadas no resumo traduzido para o português pelo INCA . O Sumário Executivo Políticas e Ações para Prevenção do Câncer no Brasil dá continuidade à publicação anterior, apontando prioridades e perspectivas de ações para prevenção do câncer.

Detecção Precoce


O câncer de mama identificado em estágios iniciais, quando as lesões são menores de dois centímetros de diâmetro, apresenta prognóstico mais favorável e elevado percentual de cura.

As estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce -  abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas da doença -  e o rastreamento -  aplicação de teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhar as mulheres com resultados alterados para investigação e tratamento. Em ambas estratégias, é fundamental que a mulher esteja bem informada e atenta a possíveis alterações nas mamas (breast awareness) e, em caso de anormalidades, busque prontamente o serviço de saúde.
  • Diagnóstico Precoce
A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer, sendo conhecida algumas vezes como down-staging. Nesta estratégia, destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde.

Na década de 50, nos Estados Unidos, o autoexame das mamas surgiu como estratégia para diminuir o diagnóstico de tumores de mama em fase avançada. Ao final da década de 90, ensaios clínicos mostraram que o autoexame das mamas não reduzia a mortalidade pelo câncer de mama. A partir de então, diversos países passaram a adotar a estratégia de breast awareness, que significa estar alerta para a saúde das mamas.

A política de alerta à saúde das mamas destaca a importância do diagnóstico precoce e significa orientar a população feminina sobre as mudanças habituais das mamas em diferentes momentos do ciclo de vida e os principais sinais do câncer de mama.

A orientação é que a mulher realize a autopalpação das mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem nenhuma recomendação de técnica específica, valorizando-se a descoberta casual de pequenas alterações mamárias. É necessário que a mulher seja estimulada a procurar esclarecimento médico sempre que houver dúvida em relação aos achados da autopalpação das mamas e a participar das ações de detecção precoce do câncer de mama. O sistema de saúde precisa adequar-se para acolher, informar e realizar os exames diagnósticos adequados em resposta a esta demanda estimulada.

Esta estratégia mostrou ser mais efetiva do que o autoexame das mamas, isto é, a maior parte das mulheres com câncer de mama identificou o câncer por meio da palpação ocasional em comparação com o autoexame (aproximadamente 65% das mulheres identificam o câncer de mama ao acaso e 35% por meio do autoexame).
O estratégia do diagnóstico precoce é especialmente importante em contextos de apresentação avançada do câncer de mama.
  • Rastreamento
O rastreamento é uma estratégia dirigida às mulheres na faixa etária em que o balanço entre benefícios e riscos da prática é mais favorável, com maior impacto na redução da mortalidade. Os benefícios são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada, enquanto os riscos ou malefícios incluem os resultados falso-positivos e falso-negativos, que geram ansiedade ou falsa tranquilidade à mulher; o sobrediagnóstico e o sobretratamento, relacionados à identificação de tumores de comportamento indolente; e o risco da exposição à radiação ionizante, se excessiva ou mal controlada.

O rastreamento pode ser oportunístico ou organizado. No primeiro, o exame de rastreio é ofertado às mulheres que oportunamente chegam às unidades de saúde, enquanto o modelo organizado é dirigido às mulheres elegíveis de uma dada população que são formalmente convidadas para os exames periódicos. A experiência internacional tem demonstrado que o segundo modelo apresenta melhores resultados e menores custos.

Em países que implantaram programas efetivos de rastreamento, com cobertura da população-alvo, qualidade dos exames e tratamento adequado, a mortalidade por câncer de mama vem diminuindo. As evidências do impacto do rastreamento na mortalidade por esta neoplasia justificam sua adoção como política de saúde pública, tal como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher.

A recomendação para as mulheres de 50 a 69 anos é a realização da mamografia a cada dois anos e do exame clínico das mamas anual. A mamografia nesta faixa etária e a periodicidade bienal é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseia-se na evidência científica do benefício desta estratégia na redução da mortalidade neste grupo. Segundo revisões sistemáticas recentes, o impacto do rastreamento mamográfico na redução da mortalidade por câncer de mama pode chegar a 25%.

Para as mulheres de 40 a 49 anos, a recomendação é o exame clínico anual e a mamografia diagnóstica em caso de resultado alterado do ECM. Segundo a OMS, a inclusão desse grupo no rastreamento mamográfico tem hoje limitada evidência de redução da mortalidade. Uma das razões é a menor sensibilidade da mamografia em mulheres na pré-menopausa devido à maior densidade mamária.

Além desses grupos, há também a recomendação para o rastreamento de mulheres com risco elevado de câncer de mama, cuja rotina deve se iniciar aos 35 anos, com exame clínico das mamas e mamografia anuais. Segundo o Consenso de Mama, risco elevado de câncer de mama inclui: história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos ou de câncer bilateral ou de ovário em qualquer idade; história familiar de câncer de mama masculino; e diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ. A definição sobre a forma de rastreamento da mulher de alto risco não tem ainda suporte nas evidências científicas atuais e é variada a abordagem deste grupo nos programas nacionais de rastreamento. Recomenda-se que as mulheres com risco elevado de câncer de mama tenham acompanhamento clínico individualizado.

O êxito das ações de rastreamento depende dos seguintes pilares:
  •     Informar e mobilizar a população e a sociedade civil organizada;
  •     Alcançar a meta de cobertura da população-alvo;
  •     Garantir acesso a diagnóstico e tratamento;
  •     Garantir a qualidade das ações;
  •     Monitorar e gerenciar continuamente as ações.



Tratamento


Importantes avanços na abordagem do câncer de mama aconteceram nos últimos anos, principalmente no que diz respeito a cirurgias menos mutilantes, assim como a busca da individualização do tratamento. O tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, suas características biológicas, bem como das condições da paciente (idade, status menopausal, comorbidades e preferências).

O prognóstico do câncer de mama depende da extensão da doença (estadiamento). Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. Quando há evidências de metástases (doença a distância), o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida.

As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em:
- Tratamento local: cirurgia e radioterapia
- Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica

Estádios I e II

A conduta habitual consiste de cirurgia, que pode ser conservadora, com retirada apenas do tumor; ou mastectomia, com retirada da mama. A avaliação dos linfonodos axilares tem função prognóstica e terapêutica.

Após a cirurgia, o tratamento complementar com radioterapia pode ser indicado em algumas situações. Já a reconstrução mamária deve ser sempre considerada nos casos de mastectomia.

O tratamento sistêmico será determinado de acordo com o risco de recorrência (idade da paciente, comprometimento linfonodal, tamanho tumoral, grau de diferenciação), assim como das características tumorais que irão ditar a terapia mais apropriada. Essa última baseia-se principalmente na mensuração dos receptores hormonais (receptor de estrogênio e progesterona) - quando a hormonioterapia pode ser indicada; e também de HER-2 (fator de crescimento epidérmico 2)- com possível indicação de terapia biológica anti-HER-2.
   
Estádio III

Pacientes com tumores maiores, porém ainda localizados, enquadram-se no estádio III. Nessa situação, o tratamento sistêmico (na maioria das vezes, com quimioterapia) é a modalidade terapêutica inicial. Após resposta adequada, segue-se com o tratamento local.

Estádio IV

Nesse estádio, é fundamental que a decisão terapêutica busque o equilíbrio entre a resposta tumoral e o possível prolongamento da sobrevida, levando-se em consideração os potenciais efeitos colaterais decorrentes do tratamento. A modalidade principal nesse estádio é sistêmica, sendo o tratamento local reservado para indicações restritas.

Atenção à qualidade de vida da paciente com câncer de mama deve ser preocupação dos profissionais de saúde ao longo de todo o processo terapêutico.

O tratamento do câncer de mama, conforme prevê a Política Nacional de Atenção Oncológica, deve ser feito por meio das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e dos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), que fazem parte de hospitais de nível terciário. Este nível de atenção deve estar capacitado para determinar a extensão da neoplasia (estadiamento), tratar, cuidar e assegurar a qualidade da assistência oncológica.

Aqui no Brasil o Instituto Nacional de Câncer é um dos responsáveis pela execução da expansão da atenção oncológica em nível terciário, em parceria com estados, municípios e hospitais públicos ou filantrópicos. Cabe às secretarias estaduais e municipais de saúde organizar o fluxo de atendimento dos pacientes na rede assistencial, estabelecendo a referência dos pacientes para  Unacons ou Cacons.

Cuidados Paliativos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, “Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais” [1]

Os cuidados paliativos devem incluir as investigações necessárias para o melhor entendimento e manejo de complicações e sintomas estressantes tanto relacionados ao tratamento quanto à evolução da doença. Apesar da conotação negativa ou passiva do termo, a abordagem e o tratamento paliativo devem ser eminentemente ativos, principalmente em pacientes portadores de câncer em fase avançada, onde algumas modalidades de tratamento cirúrgico e radioterápico são essenciais para alcance do controle de sintomas. Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos que se avolumam no paciente com doença terminal, faz-se necessária a adoção precoce de condutas terapêuticas dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente frente a sua situação de incurabilidade.

A abordagem dos Cuidados Paliativos para o câncer de mama segue os princípios gerais dos Cuidados Paliativos, que são:

  • Fornecer alívio para dor e outros sintomas estressantes como astenia, anorexia, dispnéia e outras emergências oncológicas.
  • Reafirmar vida e a morte como processos naturais.
  • Integrar os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao aspecto clínico de cuidado do paciente.
  • Não  apressar ou adiar a morte.
  • Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente, em seu próprio ambiente.
  • Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o mais ativamente possível até sua morte.
  • Usar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades clínicas e psicossociais dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento e suporte ao luto.
O INCA oferece Cuidados Paliativos aos pacientes oncológicos atendidos em suas Unidades Hospitalares no Rio de Janeiro, por meio de Unidade Especializada denominada Hospital do Câncer IV. O HC IV é também espaço de ensino e pesquisa sobre Cuidados Paliativos e promove debates e articulação em rede para expansão desta área na política de saúde do Brasil.

Fonte: INCA
          Progama Nacional de Controle do Cancer de Mama.

domingo, 16 de outubro de 2011

No Brasil, o câncer de colo uterino constitui-se num problema de Saúde Pública, estimando-se que em 2010 deverão ocorrer 18.430 novos casos e mais de 4.812 óbitos por ano.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) O câncer do colo do útero, também chamado de cervical é o segundo tumor mais frequente entre mulheres, atrás apenas do câncer de mama, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, faz 4.800 vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos. Isso graças aos avanços do pais na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce e pesquisas cientificas cada vez mais direcionada para esse mal. Nessa edição você vai poder se informa sobre os principais fatores de risco que contribuem para o aumento da incidência dessa doença e conhecer um pouco mais sobre ela.

De acordo com o Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo do Útero o câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 80% dos casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular (10% dos casos).

É uma doença de desenvolvimento lento, que pode cursar sem sintomas em fase inicial e evoluir para quadros de sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados.

Fatores de risco:

Como qualquer outra doença esse tipo de câncer trás uma serie de fatores que podem desencadear a doença, os principais são:

  • Fatores sociais (baixa condição socioeconômica)
  • Hábitos de vida (má higiene e o uso prolongado de contraceptivos orais)
  • Atividade sexual antes dos 18 anos
  • Gravidez antes dos 18 anos
  • Vício de fumar (diretamente relacionado ao número de cigarros)
  • Fatores biológicos como infecção por Vírus Papiloma vírus Humano (HPV) e o Herpesvírus Tipo II (HSV) como principal fator de risco
  • Muitos parceiros sexuais
  • Uso abusivo de drogas ilícitas

Sinais e sintomas:

Não apresenta sintomas até atingir nível mais avançado, a partir daí existe corrimento avermelhado com consistência aquosa e sangramento durante relação sexual.

Diagnostico:

O exame preventivo do câncer do colo do útero - conhecido popularmente como a exame de Papanicolau - é indolor, barato e eficaz. Ele consiste na coleta de material para exame de três locais: da parte externa do colo (ectocérvice), da parte interna do colo (endocérvice) e do fundo do saco posterior da vagina. Para grávidas se evita a coleta da endocérvice, para não estimular contrações uterinas. A fim de garantir a eficácia dos resultados, a mulher deve evitar relações sexuais, não usar duchas, medicamentos vaginais ou anticoncepcionais locais nos três dias anteriores ao exame. O exame não é realizado durante o período menstrual, exceto se for um período menstrual prolongado, além do habitual. A colposcopia permite examinar com mais detalhes o colo uterino, devendo ser realizada a cada 3-5 anos, dependendo dos achados e indicação médica.

 Prevenção:

Dentre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de
prevenção e cura, chegando a perto de 100%, quando diagnosticado precocemente e
podendo ser tratado em nível ambulatorial em cerca de 80% dos casos.
A detecção precoce do câncer do colo do útero em mulheres assintomáticas
(rastreamento), por meio do exame citopatológico (Papanicolaou), permite a detecção
das lesões precursoras e da doença em estágios iniciais, antes mesmo do
aparecimento dos sintomas.
A faixa etária prioritária para a detecção precoce do câncer do colo do útero é dos 35
aos 49 anos de idade, período que corresponde ao pico de incidência das lesões
precursoras e antecede o pico de mortalidade pelo câncer.
Além disso, ações que visem reduzir a exposição aos fatores de risco, principalmente
tabagismo e infecção pelo HPV, devem ser encorajadas.

Tratamento:

O tratamento para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. Entre os tratamentos mais comuns para o câncer do colo do útero estão a cirurgia e a radioterapia. O tipo de tratamento dependerá do estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade e desejo de ter filhos.

Fostes: Instituto Nacional de Cancer - INCA
           Progama Nacional de Contrele e Conbate ao Cancer de Colo de ùtero
           Discovery Heme e Health



sábado, 8 de outubro de 2011

Acidentes com animais peçonhentos. Saiba o que faze e o que não fazer:

As primeiras coisas a fazer dinate de qualquer acidente são:


1.Contatar o serviço de atendimento emergencial de sua cidade.
2. Fazer o que deve ser feito no momento certo, afim de:
a.Salvar uma vida
b.Prevenir danos maiores
3.Manter o acidentado vivo até a chegada deste atendimento.
4.Manter a calma e a serenidade frente a situação inspirando
confiança.
5.Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao
acidentado.
6.Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado,
afastando-as do local do acidente, evitando assim causar o chamado
"segundo trauma", isto é, não ocasionar outras lesões ou agravar as já
existentes.
7.Ser o elo das informações para o serviço de atendimento
emergencial.
8.Agir somente até o ponto de seu conhecimento e técnica de
atendimento. Saber avaliar seus limites físicos e de conhecimento. Não
tentar transportar um acidentado ou medicá-lo.

O profissional não médico deverá ter como princípio fundamental
de sua ação a importância da primeira e correta abordagem ao acidentado,
lembrando que o objetivo é atendê-lo e mantê-lo com vida até a chegada
de socorro especializado, ou até a sua remoção para atendimento.


PRIMEIROS SOCORROS:

Hidrate a vítima com gloes de água Eleve o local afetado
▲ Lavar o local da picada apenas com água ou     com água e sabão;
▲ Hidrate a vítima com goles de água
▲ Eleve o local afetado
▲ Levar a vítima imediatamente ao
    serviço de saúde mais próximo
   
Não corte ou fure o local da picada Não faça torniquete
▲ Não corte ou fure o local da picada ▲ Não faça torniquete
TIPOS DE ACIDENTES:

Acidentes por cobra

Acidente botrópico (causado por serpentes do grupo das jararacas): Pruduz dor e inchaço no local da picada, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento pelos orificios da picada; sangramentos em gengivas, pele e urina. Pode evoluir com complicações como infecção e necrose na região da picada e insuficiência renal.

Acidente laquético (causado por surucucu): quadro semelhante ao acidente botrópico, acompanhado de vômitos, diarréia e queda da pressão arterial.

Acidente crotálico (causado por cascavel): no local sensação de formigamento, sem lesão evidente; dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento, visão turva ou dupla, dores musculares generalizadas e urina escura.

Acidente elapídico (causado por coral verdadeira): no local da picada não se observa alteração importante; as manifestações do envenenamento caracterizam-se por visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento.

Convém lembrar que serpentes não peçonhentas também podem causar acidentes e que nem sempre as serpentes peçonhentas conseguem inocular veneno por ocasião do acidente. Cerca de 40% dos pacientes atendidos no Hospital Vital Brazil são picados por serpentes consideradas não-peçonhentas ou por serpentes peçonhentas que não chegaram a causar envenenamento.

Acidentes por escorpião

Os escorpiões de importância médica estão distribuídos em todo o país, causam dor no local da picada, com boa evolução na maioria dos casos, porém crianças podem apresentar manifestações graves decorrentes do envenenamento.

Em caso de acidente, recomenda-se fazer compressas mornas e analgésicos para alívio da dor até chegar a um serviço de saúde para as medidas necessárias e avaliar a necessidade ou não de soro.

Acidentes por aranhas

São três os gêneros de aranhas de importância médica no Brasil:

Loxosceles ("aranha-marrom"): é importante causa de acidentes na região Sul. A aranha provoca acidentes quando comprimida; deste modo, é comum o acidente ocorrer enquanto o individuo está dormindo ou se vestindo, sendo o tronco, abdome, coxa e braço os locais de picada mais comuns.

Phoneutria
("armadeira", "aranha-da-banana", "aranha-macaca"): a maioria dos acidentes é registrada na região Sudeste, principalmente nos meses de abril e maio. É bastante comum o acidente ocorrer no momento em que o indivíduo vai calçar o sapato ou a bota.

Latrodectus ("viúva-negra"): encontradas predominantemente no litoral nordestino, causam acidentes leves e moderados com dor local acompanhada de contrações musculares, agitação e sudorese.

As aranhas caranguejeiras e as tarântulas, apesar de muito comuns, não causam envenenamento. As que fazem teia áreas geométricas, muitas encontradas dentro das casas, também não oferecem perigo.

Acidentes por taturanas ou lagartas

As taturanas ou lagartas que podem causar acidentes são formas larvais de mariposas que possuem cerdas pontiagudas contendo as glândulas do veneno. É comum o acidente ocorrer quando a pessoa encosta a mão nas árvores onde habitam as lagartas.

O acidente é relativamente benigno na grande maioria dos casos. O contato leva a dor em queimação local, com inchaço e vermelhidão discretos. Somente o gênero Lonomia pode causar envenenamento com hemorragias à distância e complicações como insuficiência renal.

Soros

Os soros antipeçonhentos são produzidos no Brasil pelo Instituto Butantan (São Paulo), Fundação Ezequiel Dias (Minas Gerais) e Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro). Toda a produção é comprada pelo Ministério da Saúde que distribui para todo o país, por meio das Secretarias de Estado de Saúde. Assim, o soro está disponível em serviços de saúde e é oferecido gratuitamente aos acidentados.

Fonte: Instituto Butantan
          ©American Heart Association, Inc. 
        ACLS - Advance Cardiologic Life Support ou SAVC - Suporte Avançado em Cardiologia

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Depressão

Definição e Classificação

É muito comum chamarmos depressão a um sentimento de tristeza profunda. Dizemos, por exemplo: "hoje estou deprimido" ou que um amigo está "muito deprimido, ultimamente" e assim por diante. Entretanto, não devemos esquecer que a depressão é uma situação patológica, isto é, uma situação de doença. A tristeza em si não caracteriza uma doença e portanto não caracteriza, sozinha, uma depressão. Temos uma depressão quando a tristeza é doentia ou seja quando há um sentimento patológico de tristeza.

O que é então uma tristeza doentia, a ponto que se possa usar para descrevê-la o termo "depressão"? Para um melhor entendimento vamos considerar um fato que normalmente nos deixa tristes como por exemplo a morte de uma pessoa amada. A tristeza aí é normal e dependendo de quanto amamos a pessoa que perdemos, ela pode durar algum tempo. Durante os primeiros dias após a perda pode ser que fiquemos tão tristes que não tenhamos nem mesmo vontade de comer, de sorrir, ou de exercer qualquer outra atividade que normalmente nos dão prazer. Espera-se, porém, que o luto se resolva dentro de um certo período de tempo. Talvez leve algumas semanas até voltarmos a trabalhar satisfatoriamente e a conviver de maneira natural com a família e os amigos. Talvez mesmo depois de muitos meses ainda estaremos tristes, pensando na pessoa perdida. Mas espera-se que com o passar do tempo se retomará o curso natural da existência e que voltaremos a continuar nossa caminhada no mundo do trabalho, das relações e do prazer. Nada disto caracteriza uma depressão. Tudo isto é absolutamente normal.


Pensemos por outro lado numa situação em que o luto não se resolva, isto é, que a pessoa em questão continue por um período excessivamente prolongado a não querer se alimentar, não querer cuidar mais de si, de seu corpo, negar-se a qualquer tipo de prazer, estar sempre chorando, em estado de tristeza profunda, e não consiga mais se relacionar de maneira natural com a família e os amigos; que com o passar do tempo não se vislumbre sinal de melhora. Suponhamos que além disso a pessoa se apresente com um grande complexo de culpa, atribuindo a si a causa da morte do outro, que esta culpa gere uma sensação de auto-desprezo, culminando com idéias de suicídio. Aí temos um conjunto de sintomas que nos faz pensar no diagnóstico de depressão. Suponhamos ainda que uma pessoa apresente estes mesmos problemas mas sem nenhuma causa aparente: ninguém morreu, não houve nenhum evento em sua vida como separação de um conjugue, desemprego, a pessoa simplesmente começou a apresentar-se da forma descrita acima, sem motivo. Aí também se pensa no estado doentio que denominamos "depressão."


O que caracteriza a depressão não é, portanto, a tristeza, a idéia de suicídio, ou qualquer outro sintoma isolado, mas o conjunto de sintomas relacionados desmesuradamente a uma dada situação. Ou ainda, é o aparecimento destes sintomas de forma repetida e/ou sem nenhuma causa aparente.


Para que se diagnostique a depressão, portanto, deve-se levar em consideração se há ou não motivo para o desenvolvimento dos sintomas, e a intensidade dos sintomas, ou seja, a intensidade da tristeza, o afastamento das atividades regulares e prazerosas, a falta de auto-cuidado, as idéias de culpa, auto-desprezo e suicídio, a interferência destes sintomas na capacidade de trabalho, e o tempo pelo qual estes sintomas se prolongam.


O diagnóstico de depressão é, assim, complexo, não por dificuldades em reconhecer os sintomas, mas pela necessidade de equacioná-los devidamente. Sendo assim, sua delimitação e portanto seu diagnóstico é tarefa a que o profissional se dedica levando em conta uma definição que torne este diagnóstico aceito em bases relativamente objetivas. A definição utilizada se relaciona com o Manual de Classificação das Doenças Mentais, em sua 4º edição (o DSM IV). A depressão é aí definida, em termos gerais, como:


"Transtorno caracterizado pela sensação de perda de controle dos humores e afetos e uma experiência subjetiva de grande sofrimento."


Vale a pena então entendermos melhor esta definição, entendendo o que se convenciona chamar de HUMOR e AFETO. Para isto nos reportamos ao Compêndio de Psiquiatria, de Kaplan, Sadock e Grebb:


HUMOR- Estado emocional interno mais constante de uma pessoa. Pode ser elevado ou deprimido.


AFETO - Expressão externa do conteúdo emocional atual.


O afeto, em termos de psiquiatria, não é, portanto, somente aquilo a que normalmente chamamos de afeto, mas as diversas manifestações externa do humor, as maneiras de se relacionar que a gente vê e que mostra um estado interior, aquilo que a pessoa passa para fora de si na relação com os outros. O afeto transmite e denuncia o humor. Concluímos que o humor da pessoa está deprimido quando o afeto que exterioriza é pobre, as manifestações são poucas ou quase nenhuma. Se a pessoa tem um humor elevado, ela passa isto através de manifestações afetivas ricas. A ultra-exuberância, a manifestação hiper-excessiva destas manifestações (o contrário da depressão), chamamos de mania ou estado maníaco.


As depressões às vezes podem se apresentar com um curso que admite episódios intermitentes de mania. A pessoa passa um tempo deprimida, pode melhorar, ficar sem sintomas, e aí apresentar episódio maníaco, depois novo episódio depressivo e daí por diante. Este é um quadro que até recentemente se denominava Psicose Maníaco-Depressiva, hoje chamada Transtorno Bipolar. Outras depressões apresentam-se sem aparição de quadros depressivos. Algumas depressões são muito severas, necessitando de internação em hospital para proteção do paciente e tratamento. Outras são de natureza mais leve, podendo ser tratadas em casa. E algumas são relacionadas com outros problemas, como a menstruação, a menopausa, e outros problemas médicos ou do ciclo da vida. Os tipos de depressão mais comuns, atualmente, podem ser assim classificados, conforme o DSM IV:


- Transtorno depressivo maior

- Transtorno depressivo menor
- Transtorno depressivo breve recorrente
- Transtorno disfórico pré-menstrual
- Transtornos bipolares

Os termos são basicamente auto-descritivos. Nos quatro primeiros considera-se que há apenas sintomas depressivos. Os transtornos bipolares como já vimos se caracterizam pela existência de episódios depressivos e maníacos.


Histórico

A depressão, bem como a mania, são descritos desde a Bíblia e a Ilíada. Na Bíblia há a descrição clássica do rei Saul, personagem eminentemente deprimido. Na Grécia clássica se fazem as primeiras alusões à melancolia. Posteriormente a melancolia é descrita de maneira mais completa por Hipócrates, Galeno e Areteu da Capadócia. Estes autores médicos colocam a melancolia em perspectiva com as teorias vigentes em suas respectivas épocas, principalmente as teorias dos humores (humores aí significando não os afetos, mas os líquidos internos como o sangue, a bile e a fleugma). Em 1882 Karl Kahlbaum usa o termo "ciclotimia," sugerindo a depressão e a mania como estágios da mesma doença. Kraepelin, em 1889, elabora sua descrição da Psicose Maníaco-Depressiva, que contém os critérios usados até hoje para o diagnóstico do Transtorno Bipolar. Este autor descreveu ainda a "melancolia involutiva," forma de depressão que aparece após a menopausa, na mulher, e durante a idade adulta tardia, no homem.


Epidemiologia

Os transtornos depressivos maiores aparecem mais frequentemente em mulheres (até duas vezes mais que nos homens). Os transtornos bipolares não apresentam diferença em sua prevalência por gênero. O início de um transtorno depressivo é geralmente na idade adulta (20 a 50 anos) mas dados mais recentes sugerem que pode estar aumentando o início antes dos 20 anos. Para o Transtorno Bipolar a média de aparecimento do primeiro episódio é aos 30 anos de idade.


Causas das Depressões

Não se tem uma certeza sobre as causas dos Transtornos Depressivos Maiores e Transtornos Bipolares. Artificialmente se considera três grupos de fatores: psicossociais, genéticos e biológicos.


Fatores Psicossociais

Acontecimentos vitais e estresse
são importantes apenas para o desencadeamento do primeiro episódio. Ou seja, um primeiro episódio de depressão pode ser desencadeado por um acontecimento estressante (uma morte, separação, perda de emprego) mas a partir daí outros episódios podem acontecer sem haver necessariamente outros acontecimentos estressantes. É como se o primeiro episódio desencadeasse um mecanismo que deixa a possibilidade automática de outras depressões.

É importante notar que o acontecimento vital mais fortemente associado com o desenvolvimento posterior de depressão é a perda de um dos pais antes dos 11 anos de idade. É IMPORTANTE QUE SE TOME MEDIDAS ESPECIAIS DE APOIO ÁS CRIANÇAS QUE PERDEM SEUS PAIS, OU CUJOS PAIS SE SEPARAM ANTES DOS 11 ANOS. Por isto recomendamos que em todos os casos de separação OS PAIS sejam orientados psicologicamente para lidarem melhor com as situações que se apresentam junto a seus filhos.


Teorias explicativas da depressão
: Segundo Freud a pessoa se deprime porque dirige sua raiva (oriunda da perda objetal) para o interior, para identificar-se com o objeto perdido. Daí sua profunda auto-depreciação associada com culpa e auto-reprovação. Melanie Klein explica a depressão pelo reflexo de um fracasso na infância para estabelecer introjetos de amor - sensação (fantasia) de ter destruído objetos de amor através de sua própria destrutividade e ganância. Os pais internos bons são transformados em perseguidores em razão das fantasias e impulsos destrutivos dos pacientes. Já para Bibring a depressão aparece como resultado da frustração decorrente da incongruência entre as aspirações do paciente e a realidade. Em não alcançando seus ideais os pacientes deprimidos sentem-se desamparados e impotentes. Para Heinz Kohut o indivíduo busca no ambiente respostas necessárias para a manutenção da auto-estima. Se as pessoas significativas não proporcionam respostas o indivíduo sente-se incompleto e desesperado e se deprime.

Outras explicações para a depressão incluem a Teoria do Aprendizado da Impotência, onde o indivíduo aprende, a partir de estímulos do meio ambiente e muitas vezes da própria família, a acreditar que não é capaz de realizar-se ou de superar situações vitais. A Teoria Cognitiva postula que a pessoa deprimida acostumou-se a auto-avaliar-se negativamente, fomentando assim o pessimismo e a desesperança, interpretando distorcidamente experiências de vida. Finalmente, o filósofo Paul Tillich, em sua teoria da ansiedade sugere que as grandes questões existenciais de épocas são foco de problemas cuja não superação podem levar aos transtornos, que tipicamente vêm aumentando, em sua proporcionalidade na época moderna.


Fatores Genéticos

Há uma tendência a se acreditar na potencialidade genética principalmente para os pacientes portadores de Transtorno Bipolar e nos Transtornos Depressivos Maiores. Observa-se, por exemplo, que parentes de primeiro grau de pacientes com transtornos de humor têm maior risco de desenvolvimento de depressões.


Fatores Biológicos


O humor sofre a influência de substâncias químicas que circulam no sistema nervoso central chamadas de neuro-transmissores. Foram constatadas, em pacientes depressivos, alterações no metabolismo de alguns destes neuro-transmissores, principalmente a nor-adrenalina e a serotonina.


A Clínica da Depressão

SINTOMATOLOGIA BÁSICA: COMO SE APRESENTAM OS PACIENTES DEPRIMIDOS


A pessoa com depressão se nota por todo um conjunto de sinais que apontam para seu humor deprimido. Em geral há uma perda de energia e interesse em atividades e sobretudo atividades prazerosas. A pessoa se sente triste, sem esperança, "na fossa," inútil. O sentimento é sempre descrito de maneira diferente de uma tristeza ou sensação de perda. A idéia é de uma dor enorme, emocional, lancinante. Há sentimentos de culpa, dificuldade para concentrar-se, perda do apetite e pensamentos frequentes sobre morte e suicído. Podem ainda existir outras alterações nos níveis de atividade, na capacidade cognitiva, lentidão do pensamento, arrastamento da linguagem, e distúrbios de apetite, libido e outros ritmos biológicos. É comum o comprometimento do funcionamento interpessoal, social e ocupacional.


A questão do risco de suicídio é considerável na depressão. Estima-se que 2/3 dos deprimidos pensam seriamente em se matar e 10 a 15% deles realmente se suicidam. Há que tomar cuidado com este risco, que é real e importante no curso dos episódios depressivos.


Outro sintoma importante na depressão é a sensação de perda de energia, relatada por até 97% de pacientes em alguns estudos. Esta perda de energia leva ao comprometimento na execução de tarefas, no rendimento escolar e profissional e influi na capacidade de assumir novos projetos. Estima-se em 80% a aparição de distúrbios do sono, principalmente o acordar mais cedo que a pessoa normalmente acorda, ou acordar várias vezes durante a noite, quando fica então ruminando sobre seus problemas. Quanto aos distúrbios do apetite, o mais comum é a perda, mas pode haver aumento excessivo do apetite com consequente aumento de peso. Em 90% dos casos há ansiedade.


A depressão pode causar também anormalidades menstruais, diminuição do interesse e desempenho sexual. A ansiedade pode ser severa e levar a crises de pânico, abusos alimentares e queixas somáticas de várias naturezas.


A DEPRESSÃO É SUSPEITADA PORTANTO NA OCORRÊNCIA DE UMA SÉRIE DE PROBLEMAS PARA OS QUAIS MUITAS VEZES NÃO ENCONTRAMOS OUTRA EXPLICAÇÃO.


Relações com outros problemas médicos -
Pacientes com transtorno depressivo maior apresentam diminuição de células T4 e de linfócitos, o que propicia uma baixa de resistência imunológica. Além disso, devido às alterações alimentares, de sono e repouso, há uma tendência a agravar outras condições médicas. Daí pode haver uma correlação entre aparecimento de doenças ou sintomas e a depressão.

Muitas outras doenças podem causar sintomas de depressão inclusive o alcoolismo, o estresse pós-traumático, a anorexia e a bulimia nervosas. Algumas doenças graves, inclusive alguns cânceres, se iniciam com sintomas de depressão.


Depressão em Crianças e Adolescentes

Crianças e adolescentes podem apresentar formas mascaradas de depressão. Fobia à escola e apego excessivo aos pais podem ser sintomas precoces. Outros sintomas podem tomar a forma de baixo rendimento escolar, abuso de álcool e outras substâncias, comportamento anti-social, promiscuidade sexual, faltas injustificadas à escola e fugas de casa.


Depressão em Idosos

A depressão é comum em idosos, acontecendo em 25 a 50% desta população. Pode estar relacionada a baixa situação econômica, perda do cônjugue, doença física e isolamento social.


O Estado Mental do Paciente Deprimido

O paciente deprimido tipicamente apresenta retardo psico-motor (embora alguns, como exceção, apresentem-se agitados); redução de velocidade e intesidade da fala; têm uma visão negativa do mundo e de si mesmo; ruminações sobre perda, culpa, suicídio e morte. Há em geral uma falta de energia e de interesse, e pessimismo quanto ao curso da doença e da vida.


O que se espera do Curso da Doença. Qual é o Prognóstico?

A depressão é geralmente de curso longo com tendência a recaídas. O primeiro episódio é geralmente precedido de fatores estressantes vitais, mas não os episódios subsequentes.


MAIS DE 50% DOS PACIENTES DEPRESSIVOS APRESENTAM SINTOMAS ANTES DE APARECER UM PRIMEIRO EPISÓDIO DE TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR. NA MAIORIA DAS VEZES ESTES SINTOMAS PASSAM DESPERCEBIDOS.


Um episódio de transtorno depressivo maior não tratado pode durar de seis meses a um ano. Com tratamento, o episódio dura em média três meses. Com o avançar da doença a tendência é haver mais episódios e com mais frequência. Tipicamente a situação se estabiliza com uma frequência de cinco a seis episódios a cada 20 anos.


Há, entretanto, situações que apontam para um curso benigno dos transtornos depressivos. São estes:


- História de amizades sólidas durante a adolescência

- Funcionamento familiar estável
- Funcionamento social sólido nos cinco anos anteriores ao primeiro episódio
- Presença de uma rede social sólida, para pessoas de idade avançada
- Ausência de outras doenças psiquiátricas

São indicadores de mau prognóstico o abuso de álcool e outras substâncias e a presença de sintomas de transtornos específicos de ansiedade.


Vale notar que a depressão pode, portanto, se não ser prevenida de forma total, pelo menos amenizada, através do interesse de pessoas da família e amigos, que buscam apoiar, orientar e se dedicar à pessoa que sofre do transtorno. Através da detecção precoce de sintomas. E sobretudo através da busca de lares, esquemas sociais e de amizade que proporcionem vínculos fortes e estáveis. Num mundo que favorece o aumento das depressões há a esperança sempre presente de uma humanidade que resiste às tendências negativas e se dedica a criar um mundo mais acolhedor e portanto mais saudável, protegendo aos mais expostos aos transtornos depressivos.

Fonte: Blibliomed
Referências Bibliográficas

- Allilaire, J.-F. Um modelo biológico em psicopatologia: a lentificação depressiva como organização patológica da atividade. In: Comunicação e representação. Trad. Cláudia Berliner. S. Paulo: Escuta, 1989.
- Fromm, E. Psicanálise da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar, 1959.
- Jouvent, R. Clínica da tristeza. In: P. Fédida. Comunicação e representação. Trad. Cláudia Berliner. S. Paulo: Escuta, 1989.
- Kaplan, H.I.; Sadock, B.J. & Grebb, J.A. Transtornos do humor. In: Compêndio de psiquiatria. 7a. ed. Trad. Dayse Batista. Pp. 493-544. Porto Alegre: Artes Médicas.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dieta

A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a idade adulta, que ocorre dos 10 aos 19 anos ,11 meses e 29 dias sendo uma fase de grandes mudanças físicas, psíquicas e sociais. A DIETA PARA ADOLESCENTES consiste em um programa de 2000 calorias distribuídas de acordo com as necessidades protéico-calórias típicas desta fase de transição.
ROTEIRO DA DIETA
REFEIÇÃO 01 – CAFÉ
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• 1 ¼ colher de sopa de leite em pó molico cálcio plus (20 g)•1 colher de sobremesa de café capuccino (10 g)
• 1 1/2 fatia de pão de soja (em média 30 g)
• 1 1/4 de colher de sopa de geléia de frutas (25 g)

REFEIÇÃO 02- LANCHE DA MANHÃ
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• 200 ml de suco de abacaxi com açúcar e hortelã• 1 barra de cereal de flocos crocantes e chocolate (unidade de 25 g)

REFEIÇÃO 03 – ALMOÇO
Menu • 1 xícara de café de arroz • 2 colheres de sopa de feijão
• 70 g de carne de boi moída magra
• 2 buquês de brócolis
• 35 g de agrião
• 10 g de rúcula
• 1 colher de sopa média de azeite de oliva
• Cebola ,alho, salsa e orégano (use e abuse)
• 200 ml de suco de laranja natural

REFEIÇÃO 04 – LANCHE DA TARDE 1 (ÀS 15H)
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• 3 ½ colheres de sopa de abacate (90 g)

REFEIÇÃO 05 – LANCHE DA TARDE 2 (ÀS 18H)
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• 300 ml de limonada com açúcar• 1 ½ goiaba (100 g)

REFEIÇÃO 06 – CEIA
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• 1 ¼ colher de sopa de leite em pó molico cálcio plus (20 g)• 1 ¼ de colher de chá cheia de café capuccino
• 1 pão francês sem miolo
• 1 ¼ colher de sopa de geléia de frutas
NOTA: Todo programa alimentar deve ser realizado sob supervisão de um médico ou de um(a) nutricionista.

Exposição ao fumo durante a gravidez pode estar ligada a morbidade psiquiátrica leve e grave

Um estudo publicado no último número do periódico American Journal of Epidemiology buscou determinar a relação entre a exposição pré-natal ao tabagismo e o uso de medicação psicotrópica até a idade adulta jovem, usando dados de base populacional de todos os nascidos na Finlândia de 1987 a 1989 (n = 175.869).
Na pesquisa, realizada na Turku University, na Finlândia, 15,3% (n = 26.083) das crianças foram expostas ao tabagismo pré-natal. A incidência de uso de medicação psicotrópica foi de 8,3% em crianças não expostas, 11,3% em crianças expostas a < 10 cigarros por dia (OR 1,36 IC 95% 1,29 a 1,43), e 13,6% em crianças expostas a > 10 cigarros por dia (OR 1,63 IC 95% 1,53 a 1,74). A exposição foi significativamente associada com o risco de todo o uso de medicamentos, mesmo após o ajuste (por exemplo, mães com doenças psiquiátricas graves).
Estes resultados mostram que a exposição ao fumo durante a gravidez é ligada a morbidade psiquiátrica leve e grave.

Fonte:  
American Journal of Epidemiology 
Bibliomed