Saúde um Direito de Todos

A saúde "é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante a políticas saciais e econômica que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário à ações e serviços para sua promoção, proteção e recumperação." conforme esta garantido e definido no Cap. II Dos Direitos Sociais, Art. 6º e Cap. II Da Seguridade Social, Seção II Da Saúde, Art. 196 da Constituição da República Federativa do Brasil.

terça-feira, 31 de maio de 2011

RESOLUÇÃO COFEN Nº 376/2011

Resenha: 

Dispõe sobre a participação da equipe de Enfermagem no processo de transporte de pacientes em ambiente interno aos serviços de saúde.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela Resolução Cofen nº 242, de 31 de agosto de 2000,


CONSIDERANDO a Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, artigo 8º, incisos IV e V;

CONSIDERANDO a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que regulamenta o Exercício da Enfermagem, em seus artigos 2º, 3º, 4º, 11 e seus incisos;


CONSIDERANDO os princípios fundamentais do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, aprovado pela Resolução Cofen nº 311, de 8 de fevereiro de 2007, especialmente em seu artigo 12;


CONSIDERANDO a Resolução Cofen nº 358, de 15 de outubro de 2009, que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem;


CONSIDERANDO as possíveis intercorrências que põem em risco a integridade do paciente durante o transporte em ambiente interno aos serviços de saúde; e,


CONSIDERANDO tudo o mais que consta do PAD-COFEN nº 368/2010 e a deliberação do Plenário em sua 400ª Reunião Ordinária de Plenário,


RESOLVE:


Art. 1º  Os profissionais de Enfermagem participam do processo de transporte do paciente em ambiente interno aos serviços de saúde, obedecidas as recomendações deste normativo:


I – na etapa de planejamento, deve o Enfermeiro da Unidade de origem:

a) avaliar o estado geral do paciente;
b) antecipar possíveis instabilidades e complicações no estado geral do paciente;
c) prover equipamentos necessários à assistência durante o transporte;
d) prever necessidade de vigilância e intervenção terapêutica durante o transporte;
e) avaliar distância a percorrer, possíveis obstáculos e tempo a ser despendido até o destino;
f) selecionar o meio de transporte que atenda as necessidades de segurança do paciente;
g) definir o(s) profissional(is) de Enfermagem que assistirá(ão) o paciente durante o transporte; e
h) realizar comunicação entre a Unidade de origem e a Unidade receptora do paciente;


II – na etapa de transporte, compreendida desde a mobilização do paciente do leito da Unidade de origem para o meio de transporte, até sua retirada do meio de transporte para o leito da Unidade receptora:


a) monitorar o nível de consciência e as funções vitais, de acordo com o estado geral do paciente;
b) manter a conexão de tubos endotraqueais, sondas vesicais e nasogástricas, drenos torácicos e cateteres endovenosos, garantindo o suporte hemodinâmico, ventilatório e medicamentoso ao paciente;
c) utilizar medidas de proteção (grades, cintos de segurança, entre outras) para assegurar a integridade física do paciente; e
d) redobrar a vigilância nos casos de transporte de pacientes obesos, idosos, prematuros, politraumatizados e sob sedação;


III – na etapa de estabilização, primeiros trinta a sessenta minutos pós-transporte, deve o Enfermeiro da Unidade receptora:


a) atentar para alterações nos parâmetros hemodinâmicos e respiratórios do paciente, especialmente quando em estado crítico.


Art. 2º  Na definição do(s) profissional(is) de Enfermagem que assistirá(ão) o paciente durante o transporte, deve-se considerar o nível de complexidade da assistência requerida:


I - assistência mínima (pacientes estáveis sob o ponto de vista clínico e de Enfermagem, fisicamente autossuficientes quanto ao atendimento de suas necessidades), no mínimo, 1 (um) Auxiliar de Enfermagem ou Técnico de Enfermagem;
II - assistência intermediária (pacientes estáveis sob o ponto de vista clínico e de Enfermagem, com dependência parcial das ações de Enfermagem para o atendimento de suas necessidades), no mínimo, 1 (um) Técnico de Enfermagem;
III - assistência semi-intensiva (pacientes estáveis sob o ponto de vista clínico e de Enfermagem, com dependência total das ações de Enfermagem para o atendimento de suas necessidades), no mínimo, 1 (um) Enfermeiro; e
IV - assistência intensiva (pacientes graves, com risco iminente de vida, sujeitos à instabilidade de sinais vitais, que requeiram assistência de Enfermagem permanente e especializada), no mínimo, 1 (um) Enfermeiro e 1 (um) Técnico de Enfermagem.


Art. 3º  Não compete aos profissionais de Enfermagem a condução do meio (maca ou cadeira de rodas) em que o paciente está sendo transportado.
Parágrafo Único.  As providências relacionadas a pessoal de apoio (maqueiro) responsável pela atividade a que se refere o caput deste artigo não são de responsabilidade da Enfermagem.


Art. 4º  Todas as intercorrências e intervenções de Enfermagem durante o processo de transporte devem ser registradas no prontuário do paciente.


Art. 5º  Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições contrárias.



Brasília/DF, 24 de março de 2011.

Manoel Carlos Neri da Silva - Presidente

Gelson Luiz de Albuqeurque - Primeiro Secretário

Fonte:http://www.portalcofen.gov.br/sitenovo/node/6599

Perguntas e respostas sobre o tabagismo

31 de Maio dia mundial sem tabaco. Pare de fumar e viva melhor com sigo e com os outros. 


1) Por que cigarros, charutos, cachimbo, fumo de rolo e rapé fazem mal à saúde?
 
Todos esses derivados do tabaco, que podem ser usados nas formas de inalação (cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha), aspiração (rapé) e mastigação (fumo-de-rolo), são nocivos à saúde. No período de consumo destes produtos são introduzidas no organismo mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo nicotina (responsável pela dependência química), monóxido de carbono (o mesmo gás venenoso que sai do escapamento de automóveis) e alcatrão, que é constituído por aproximadamente 48 substâncias pré-cancerígenas, como agrotóxicos e substâncias radioativas (que causam câncer).


2) Quais os derivados do tabaco mais agressivos à saúde e como agem?

A fumaça do cigarro possui uma fase gasosa e uma particulada. A fase gasosa é composta por monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído e acroleína, entre outras substâncias. Algumas produzem irritação nos olhos, nariz, garganta e levam à paralisia dos movimentos dos cílios dos brônquios. A fase particulada contém nicotina e alcatrão, que concentra 48 substâncias cancerígenas, entre elas arsênico, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo, além de resíduos de agrotóxicos aplicados nos produtos agrícolas e substâncias radioativas. 


3)Como o cigarro atua quimicamente no organismo? 
 
A fumaça do tabaco, durante a tragada, é inalada para os pulmões, distribuindo-se para o sistema circulatório e chegando rapidamente ao cérebro, entre 7 e 9 segundos. Além disso, o fluxo sangüíneo capilar pulmonar é rápido, e todo o volume de sangue do corpo percorre os pulmões em um minuto. Dessa forma, as substâncias inaladas pelos pulmões espalham-se pelo organismo com uma velocidade quase igual a de substâncias introduzidas por uma injeção intravenosa. 



4) O que causa a dependência do cigarro? 
 
A nicotina, que é encontrada em todos os derivados do tabaco (charuto, cachimbo, cigarro de palha, etc) é a droga que causa dependência. Esta substância é psicoativa, isto é, produz a sensação de prazer, o que pode induzir ao abuso e à dependência. Por ter características complexas, a dependência à nicotina é incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde - CID 10ª revisão. Ao ser ingerida, produz alterações no Sistema Nervoso Central, modificando assim o estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma como ocorre com a cocaína, heroína e álcool.
Depois que a nicotina atinge o cérebro, entre 7 a 9 segundos, libera várias substâncias (neurotransmissores) que são responsáveis por estimular a sensação de prazer (núcleo accubens), explicando-se assim as boas sensações que o fumante tem ao fumar. Com a ingestão contínua da nicotina, o cérebro se adapta e passa a precisar de doses cada vez maiores para manter o mesmo nível de satisfação que tinha no início. Esse efeito é chamado de tolerância à droga. Com o passar do tempo, o fumante passa a ter necessidade de consumir cada vez mais cigarros. De tal forma que, a quantidade média de cigarros fumados na adolescência, nove por dia, na idade adulta passa a ser de 20 cigarros por dia. Com a dependência, cresce também o risco de se contrair doenças debilitantes, que podem levar à invalidez e à morte. 


5) Por que as pessoas começam e continuam a fumar? 
 
Em decorrência da publicidade ser dirigida principalmente aos jovens e fornecer uma falsa imagem de que fumar está associado ao bom desempenho sexual e esportivo, ao sucesso, à beleza, à independência e à liberdade. A maioria dos fumantes torna-se dependente da nicotina antes dos 19 anos de idade. Conscientes de que a nicotina gera dependência, os fabricantes de cigarros gastam milhões de dólares em publicidade dirigidas aos jovens. Apesar da lei de restrição da propaganda de produtos derivados do tabaco, sancionada no Brasil em dezembro de 2000, as falsas imagens continuam influindo fortemente no comportamento de jovens e adultos.


6) Quais são as doenças causadas pelo uso do cigarro? 
 
O tabagismo é diretamente responsável por 30% das mortes por câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das mortes por doença cerebrovascular. Outras doenças que também estão relacionadas ao uso do cigarro são aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e impotência sexual no homem. Estima-se que, no Brasil, a cada ano, 200 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, número que não pára de aumentar.


7) Existem outras desvantagens em ser fumante? 
 
Os fumantes adoecem com uma freqüência duas vezes maior que os não fumantes. Têm menor resistência física, menos fôlego e pior desempenho nos esportes e na vida sexual do que os não fumantes. Além disso envelhecem mais rapidamente e apresentam um aspecto físico menos atraente, pois ficam com os dentes amarelados, pele enrugada e impregnada pelo odor do fumo. L


8) Quais são os riscos para a mulher grávida?

A mulher grávida que fuma, além de correr o risco de abortar, tem uma maior chance de ter filho de baixo peso, menor tamanho e com defeitos congênitos. Os filhos de fumantes adoecem duas vezes mais do que os filhos de não fumantes. 


9) E os não fumantes, como ficam nessa história?

Basta manter um cigarro aceso para poluir um ambiente com as substâncias tóxicas da fumaça do cigarro. As pessoas passam 80% do seu tempo em ambientes fechados. Ao fim do dia, em um ambiente poluído, os não fumantes podem ter respirado o equivalente a 10 cigarros. Fumar em ambientes fechados prejudica as pessoas com quem o fumante convive: filhos, cônjuge, amigos e colegas de trabalho. Ao respirar a fumaça do cigarro, os não fumantes correm o risco de ter as mesmas doenças que o fumante.




10) Quais os danos ao meio ambiente? 
 
Florestas inteiras são devastadas para alimentar os fornos à lenha que secam as folhas do fumo antes de serem industrializadas. Para cada 300 cigarros produzidos uma árvore é queimada. Portanto, o fumante de um maço de cigarros por dia sacrifica uma árvore a cada 15 dias. Para a obtenção de safras cada vez melhores, os plantadores de fumo usam agrotóxicos em grande quantidade, causando danos à saúde dos agricultores e ao ecossistema. Além disso, filtros de cigarros atirados em lagos, rios, mares, florestas e jardins demoram 100 anos para se degradarem. Cerca de 25% de todos os incêndios são provocados por pontas de cigarros acesas, o que resulta em destruição e mortes.


11) A produção de fumo gera perdas para o país? 
 
Segundo o Banco Mundial, o consumo do fumo gera uma perda mundial de 200 bilhões de dólares por ano, representados por: sobrecarga do sistema de saúde com tratamento das doenças causadas pelo fumo; mortes precoces de cidadãos em idade produtiva; maior índice de aposentadoria precoce; faltas ao trabalho de 33 a 45% a mais; menor rendimento no trabalho; mais gastos com seguros; mais gastos com limpeza, manutenção de equipamentos e reposição de mobiliários; maiores perdas com incêndios; redução da qualidade de vida do fumante e de sua família. 



12) O que é tabagismo passivo?
 
É a inalação da fumaça de derivados do tabaco por indivíduos não fumantes que convivem com fumantes em ambientes fechados. A poluição decorrente da fumaça dos derivados do tabaco em ambientes fechados é denominada de Poluição Tabagística Ambiental (PTA) e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a maior responsável pela poluição em ambientes fechados. Hoje estima-se que o tabagismo passivo seja a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subseqüente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. 


13) Como o tabagismo passivo afeta a saúde?
 
Os não fumantes que respiram a fumaça do tabaco têm um risco maior de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo. Quanto maior o tempo em que o não fumante fica exposto à poluição tabagística ambiental, maior a chance de adoecer. As crianças, por terem uma freqüência respiratória mais elevada, são mais atingidas, sofrendo conseqüências drásticas sobre a sua saúde, incluindo bronquite e pneumonia, desenvolvimento e exacerbação da asma e infecções do ouvido médio. 


14) Quais são os riscos para as crianças que convivem com fumantes em ambientes fechados ?
 
As crianças, especialmente as mais novas, são muito prejudicadas quando expostas à poluição tabagística ambiental, o que ocorre freqüentmente por culpa dos pais. Um estudo da OMS, envolvendo 700 milhões de crianças que vivem com fumantes em casa (cerca de metade das crianças do mundo), mostrou que essas crianças apresentaram um aumento de incidência de pneumonia, bronquite, exacerbação de asma, infecções do ouvido médio, além de uma maior probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular na idade adulta. Nos casos em que a mãe é fumante, estima-se uma chance maior (70%) para infecções respiratórias e de ouvido médio do que nos casos em que a mãe não é fumante. Esta chance torna-se mais elevada (30%) se o pai é fumante, em crianças de até 1 ano de idade. A chance aumenta mais ainda (50%) caso haja mais de dois fumantes em casa, convivendo com essas crianças. (WHO, World Tobacco Day"s,2001). 


15) A ventilação nos ambientes pode eliminar a poluição tabagística ambiental?
 
Não. Embora uma boa ventilação possa ajudar a diminuir a irritação nos olhos, nariz e garganta causada pela fumaça, ela não elimina seus componentes tóxicos. Quando áreas de fumantes e de não fumantes compartilham o mesmo sistema de ventilação , a fumaça se dispersa por toda a área, pois circula através das tubulações de sistemas de refrigeração central. Dessa forma, opções defendidas pela indústria, tais como separação de áreas para fumantes e não fumantes em um mesmo ambiente com um mesmo sistema ventilatório, ou mesmo o aumento da troca de ar através de um sistema especial de ventilação, não eliminam a exposição dos não fumantes. As áreas de fumantes (fumódromos) somente podem ajudar a proteger a saúde dos não fumantes quando são completamente isoladas, com sistema de ventilação separado, não permitindo que o ar poluído circule pelo prédio, e quando os funcionários não precisam passar através dessa área.


16) As imagens e frases de advertência nos maços de cigarros causam impacto? 
 
Espera-se que as novas advertências nos maços de cigarros reduzam a prevalência de fumantes e previnam a experimentação do produto, especialmente pelos jovens e crianças. Essa medida está inserida em um conjunto de estratégias de promoção da saúde que envolvem ações nos âmbitos educativo, legislativo e econômico, todas elas com o objetivo de reduzir a exposição da população ao tabagismo. Além dessa informação, também constam nos maços de cigarros os teores de nicotina, alcatrão e monóxido de carbono e o telefone do "Disque Pare de Fumar", um serviço de orientação à população para deixar de fumar.


17) Existem números e pesquisas que comprovem que as imagens nos maços diminuem o número de fumantes?
 
Sim. As pesquisas feitas sobre esse tipo de imagens nos maços demonstram que elas funcionam. No Brasil, uma pesquisa realizada em abril de 2002 pelo Instituto Data Folha, com 2.216 pessoas maiores de 18 anos em 126 municípios de todo país, revelou que:

• 70% dos entrevistados acreditam que as imagens são eficientes para evitar a iniciação ao tabagismo;
• 67% dos fumantes sentiram vontade de abandonar o fumo desde o início da veiculação das novas advertências;
• 54% mudaram de idéia sobre os malefícios causados no organismo e estão preocupados com a saúde.
Outra pesquisa, realizada pelo serviço Disque Pare de Fumar, do Ministério da Saúde, no período de março a dezembro de 2002 com 89.305 pessoas, revelou que 62,67% consideram as imagens um ótimo serviço prestado à comunidade. Além disso, durante as comemorações do dia 27 de novembro de 2002 (Dia Nacional de Combate ao Câncer) foi realizada uma pesquisa piloto com 650 pessoas durante uma feira de saúde promovida no município do Rio de Janeiro. O estudo concluiu, dentre outros resultados, que 62% dos entrevistados consideram que as imagens de advertência estimulam as pessoas a deixar de fumar.

18) Qual o papel do Instituto Nacional de Câncer no controle do tabagismo?
 
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o órgão do Ministério da Saúde responsável pela coordenação da política de controle do câncer e doenças relacionadas ao tabagismo no Brasil. Com esse objetivo e através da Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV) o INCA desenvolve estratégias voltadas para socializar as informações sobre o câncer, suas possibilidades de prevenção e estimular mudanças de comportamento na população que, a médio e longo prazos, contribuam para a redução da incidência e mortalidade por câncer e doenças tabaco-relacionadas no país.

 
Mais informações em: http://www.inca.gov.br/tabagismo/frameset.asp?item=faq

terça-feira, 17 de maio de 2011

Artrite Gonocócica

A Artrite Gonocócica, causada pelo diplococo gram-negativo Neisseria gonorrhoeae, é a forma mais comum de artrite séptica aguda observada em adultos jovens. Apesar da patogênese do comprometimento articular ser controversa, acredita-se que a alteração seja uma conseqüência da Infecção Gonocócica Disseminada (IGD), manifestando-se tanto como um quadro de bacteremia, chamado Síndrome Artrite Dermatite, ou como uma artrite séptica localizada. Pacientes com artrite gonocócica quase sempre necessitam antibioticoterapia em nível hospitalar para evitar a destruição da articulação afetada e outras complicações potencialmente graves da IGD.

A Neisseria gonorrhoeae – ou Gonococo - é um microorganismo altamente infeccioso, capaz de colonizar diversas superfícies mucosas. As infecções gonocócicas podem ser assintomáticas ou se manifestar na forma de alterações geniturinárias, retais ou faringeanas.
O atraso para início da antibioticoterapia, a ocorrência de cepas virulentas, deficiências no sistema imune e as alterações fisiológicas do próprio paciente podem resultar em disseminação hematógena da bactéria e sinais de doença disseminada.
A cada ano, são reportados mais de 200 milhões de casos de infecção gonocócica em todo o mundo. Cerca de 0.5-1% destes pacientes desenvolverão complicações articulares.

Classicamente, a apresentação clínica da infecção gonocócica disseminada (IGD) é dividida em uma forma bacterêmica e uma forma artrítica séptica. Cerca de 60% dos pacientes com IGD apresentam sintomas bacterêmicos, e apenas 40% apresentam sintomas de infecção localizada. A sobreposição das duras formas é comum. Após a contaminação pelo gonococo, a artrite gonocócica pode levar de 1 dia até 3 meses para se manifestar.

Manifestações da forma Bacterêmica
Os sintomas se iniciam cerca de 3-5 dias antes do diagnóstico clínico. As artralgias migratórias simétricas, principalmente nas articulações superiores, são as manifestações iniciais mais comuns em pacientes com IGD. Os sintomas desaparecem espontaneamente em 30-40% dos casos, ou evoluem para uma artrite séptica em uma ou várias articulações.
A dor também pode ser decorrente de tenossinovite. Neste caso, as inflamações são assimétricas e mais comuns no dorso, nos punhos e nas mãos.
O rash cutâneo associado à bacteremia pode passar despercebido pois é indolor e não-pruriginoso, consistindo em pequenas pápulas, pústulas ou vesículas. Em alguns raros pacientes, esta dermatite pode lembrar um quadro de eritema nodoso ou multiforme. Sintomas constitucionais inespecíficos podem estar presentes na forma de mialgias, febre e adinamia.
Outros achados ao exame físico incluem fígado doloroso à palpação (perihepatite gonocócica ou síndrome de Fitz-Hugh-Curtis), sinais de endocardite (rara), meningite (rara) e de sepse (com síndrome de Waterhouse-Friderichsen, também rara).

Manifestações da forma Artrítica Séptica
Costumam surgir 3-6 dias após o inicio dos sintomas da doença principal. Os pacientes podem se queixar de dor, vermelhidão ou inchaço em uma ou várias articulações. As alterações são mais comuns nos punhos, mais, joelhos, cotovelos, ombros e, raramente, nos quadris.

Artrite Gonocócica: principais diagnósticos diferenciais
  • Hepatite viral
  • Doença de Lyme
  • Meningococcemia
  • Artrite reacional e Síndrome de Reiter
  • Febre reumática
  • Rickettsioses
  • Bacteremia estafilocócica
  • Enterovirose
  • Infecção por Coxsackievirus
  • Artrite séptica
  • Sífilis
  • Endocardite bacteriana
  • Parvovirose
  • Gota
  • Lúpus eritematoso sistêmico
  • Artrite reumatóide
  • Poliarterite nodosa
  • Vasculite por hipersensibilidade
  • Púrpura de Henoch-Schoenlein

Apesar da cultura para gonococos nem sempre ser positiva, este é o exame mais importante a ser realizado nos pacientes suspeitos de IGD. Culturas positivas de líquido sinovial são consideradas o padrão-ouro para diagnóstico da artrite gonocócica. O material para cultura também pode ser obtido de sítios mucosos infectados (resultados positivos em mais de 80% dos casos), sangue, urina ou por swab do canal anal.
Outros exames laboratoriais que podem ser utilizados em pacientes suspeitos incluem hemograma, velocidade de hemossedimentação, leucometria e gram de líquido sinovial.
Pacientes suspeitos de IGD devem ser testados para outras doenças sexualmente transmissíveis, incluindo HIV, clamídia e sífilis.
As radiografias simples das articulações afetadas em geral são normais, mesmo nos pacientes com artrite isolada, mas podem ser utilizadas para excluir fraturas e outros processos articulares.

A maioria dos pacientes com suspeita de artrite aguda infecciosa deve ser hospitalizada para estabelecer o diagnóstico e monitorizar a resposta terapêutica, com atenção redobrada para o surgimento de sintomas compatíveis com endocardite ou meningite. Nos casos de artrite gonocócica com derrame articular purulento, recomenda-se artrocenteses aliviadoras diárias.
Em adultos, as cefalosporinas de terceira geração são o tratamento inicial de escolha tanto para a IGD quanto para a artrite gonocócica. Podem ser utilizadas Ceftriaxona (01 grama EV de 12/12h), Ceftizoxima (01 grama EV de 8/8h) ou Cefotaxima (01 grama EV de 8/8h). Em pacientes alérgicos a penicilina, as opções incluem Ciprofloxacin (400 mg EV de 12/12h), Ofloxacin (400 mg EV de 12/12h), Levofloxacin (250 mg EV / dia) ou Espectinomicina (02 gramas IM de 12/12h).
Após 24-48h de melhora clinica, a antibioticoterapia pode ser passada para via oral com Cefixima (400 mg 12/12h), Ciprofloxacin (500 mg 12/12h), Ofloxacin (400 mg 12/12h) ou Levofloxacin (500 mg/dia). O esquema antimicrobiano deve ser mantido por pelo menos 07 dias.
Grávidas e crianças não devem ser tratadas com quinolonas ou tetraciclinas. Nestes casos, a ceftriaxona é a escolha mais segura. Caso exista suspeita de alergia a penicilina e derivados, a espectinomicina é a segunda escolha.
Uma vez que 30-50% dos pacientes com IGD apresentam co-infecção por Clamídia, deve-se considerar a necessidade de associar azitromicina ou doxiciclina ao tratamento. Esquemas alternativos para gestantes incluem eritromicina ou amoxicilina.
Todos os pacientes devem ser orientados a referir seus parceiros sexuais para avaliação e tratamento.

A Artrite Gonocócica é a forma mais comum de artrite séptica aguda observada em adultos jovens. Apesar da patogênese do comprometimento articular ser controversa, acredita-se que a alteração seja uma conseqüência da Infecção Gonocócica Disseminada (IGD). As complicações da doença são raras e podem incluir lesões articulares permanentes, meningite, endocardite e osteomielite. Entretanto, com o tratamento apropriado, a maioria dos pacientes se recupera sem seqüelas. A prevenção da Artrite Gonocócica é a mesma recomendada para o grupo das doenças sexualmente transmissíveis.

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